O que a sociedade espera do farmacêutico? Há espaço para um farmacêutico do tipo “Teodoro”? Jorge Amado em seu livro “Dona Flor e seus dois maridos” contrapõe duas personalidades distintas em seus personagens. Vadinho, debochado, um fantasma malandro, cínico e tipicamente brasileiro é o primeiro marido de D. Flor, enquanto Teodoro, o farmacêutico desenhado de um modo estereotipado como antítese do outro, é o seu segundo marido. A figura de Teodoro espelha um referencial popular do “antigo” farmacêutico,
- ...impossível melhor partido: doutor de diploma e anel de ametista verdadeira, proprietário estabelecido, bonitão, todo composto de colete e ouro, forte de saúde, morigerado de hábitos, um senhor de bem, soberbo quarentão. (Amado, J. 1964:282)
aquela nostálgica figura, para quem tem mais de 35 anos, a quem nos reportamos na necessidade de um medicamento. Mas Teodoro, apesar de ser posto como um “homem de bem”, reconhecido pela sociedade era visto como “Doutor de pé-quebrado”, pois
“Doutor de verdade, de primeira, é médico, é advogado, é engenheiro civil. Dentista e farmacêutico, agrônomo, veterinário, tudo isso é doutor de segunda, de meia-tigela, é doutorzinho... Gente que não teve cabeça nem competência para estudar até o fim... (Ibid.: 330)
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